JULHO / 2024
LabDCT 2
Dito e Feito: palestras-performances em experimentações
Sobre o evento
É uma programação de obras em processo. Todos os trabalhos são ativados por uma força incongruente que surge entre a palavra escrita e a desestabilização de sua apresentação. Os trabalhos apresentados integram em sua maioria o projeto de pesquisa “Uma genealogia intensiva para as palestras-performances” coordenado pelo professor e artista Felipe Ribeiro dentro do Traço - núcleo de performatividades da imagem do Programa de Pós-Graduação em Dança - PPGDan/UFRJ. Dito e Feito acontece como o segundo Lab DCT, uma atividade do III Encontro internacional e interdisciplinar em Dança, Cognição, Tecnologia.

SINOPSES

Stereo Som Sistema
de Felipe Ribeiro com Erika Vargas e Vitória Valente
Performada por duas pessoas, Stereo Som Sistema reverbera a voz que genuinamente fala pelo outro, com o outro e através do outro, considerando que canalizar já é uma forma de ser.
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O exercício da força
de Deisi Margarida
Extraída dos versos de “o acontecimento levante”, texto de antônio negri para o catálogo da exposição “Levante” curada por didi-huberman, o título desta palestra-performance evoca dois dispositivos de trabalho: pensar o exercício da força produzida pelo corpo e tomar a palavra como 2 gestos seguidos. serão investigadas a matéria-fôlego e a matéria-palavra como forma de acesso às práticas de contra-arquivação de documentos que convoquem a dança para debates críticos do corpo. este experimento é parte do processo de pesquisa da artista sobre arquivo, dança, política do movimento e escrita, recentemente debatido na dissertação de mestrado “campo de defesa: práticas de contra-arquivo a partir do manual de campanha da ordem unida”.

A lembrança é
uma dança
de Laura Vainer
A sala de dança é um espaço físico que pode ser definido afetivamente a partir das lembranças e da imaginação. nessa palestra-performance, o movimento e as palavras são elementos para a criação de uma memória de (não) bailarina. a partir da narração de duas experiências formativas em salas de dança, compartilha-se a relação entre linguagem e corpo para desestabilizar os sentidos individualizantes de um trauma tão velho, quanto irritante: a “bailarina clássica” não é só um estereótipo idealizado de feminilidade, mas um projeto robusto de controle e exploração do desejo de movimento de corpos femininos ou feminilizados. o trabalho é fruto da pesquisa de mestrado “Memória de (não) ser bailarina: lembranças, impedimentos e amor à dança”, onde se experimentou o toque como um acesso específico ao pensamento. como peça artística contígua à dissertação de mestrado, a palestra-performance ativa esta pergunta: o movimento dançado, ao interagir com a linguagem discursiva, pode não apenas representar uma lembrança do corpo, mas exercer um poder sobre o corpo para manter a sua constância desejante?

Sim, senhor
de Carolina Nóbrega
Ela fala com você. sua voz sai de um aparelho pequeno, discreto, perfeitamente arredondado, sem arestas. mas esse aparelho não é o seu corpo. ela nunca se exalta. ela nunca te diz não. ela executa tudo que você pede desde que esteja em seu alcance. se não pode te satisfazer, se desculpa, gentilmente. 01010011 01101001 01101101 00101100 00100000 01010011 01100101 01101110 01101000 01101111 01110010 00101110 é comando e ele quer dizer Sim, Senhor. Alexa, Siri, Cartana e Holly: se você perguntar, elas dirão que não possuem gênero. mas suas vozes parecem expressar o contrário. por que as relações com as máquinas insistem nessa fantasia: a de um homem que manda e de uma mulher que obedece?
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Próxima à Fronteira
de Rubia Vaz
Palestra-performance criada como objeto artístico da dissertação “Performance ancestral: a grafia encantada do corpo”. A pesquisa investiga as dramaturgias do corpo de programas performativos, considerando-os uma prática de encantamento. Uma série de sete ações foram realizadas em diálogo com a vida e a obra de Ana Mendieta; a escolha por tal artista se deu pelo fato de que, ao colocar o corpo em comunhão com a natureza, ela aproximou a arte de performance da espiritualidade e da ancestralidade. Assim a pesquisadora cria uma fabulação a fim de pensar em uma ancestralidade artística e estabelece um diálogo com conhecimentos ancestrais a partir do compromisso com os sonhos e práticas de cuidado através de ervas medicinais.
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Ínfimo infinito
de Felipe Ribeiro
Ou, então, não era nada disso e as definições se tornavam provisórias. Mesmo a terra e o céu perdiam um significado próprio evidenciando, ao invés, uma disputa de perspectivas. Em escalas que oscilam do além ao aquém humano, ínfimo infinito propõe um percurso alveolar onde imersões no corpo se abrem em universos. Experimento de sensação e narrativa, Ínfimo infinito especula se a realidade virtual não é, desde sempre e ancestralmente, um ato de luxúria e uma operação que insiste em confundir o que se cria com o que se revela.
Fotos | Carol Spork
ABRIL / 2024
O LabDCT 1 – Residência Artística para experimentos corporais a partir da tecnodiversidade, cujo objetivo é olhar para a mediação tecnológica e poética digital nas artes a partir de perspectivas decoloniais e saberes ancestrais. Esse laboratório inaugural do EiDCT abrigará a primeira MI_Gira - uma série de ações de mobilidade proposta pela conexão Mulheres da Improvisação - M.I., que pretende ser desenvolvida em outras cidades durante 2024.
Nesse LabDCT 1 / MI_Gira, a M.I. convida Onucleo, em parceria com a Universidade Indígena Aldeia Maracanã, para que proponham, em conjunto, experimentos corporais a partir da ideia da tecnodiversidade, sob a ótica da decolonialidade e ancestralidade. A partir dessa experiência com Onúcleo, a M.I. mergulhará num processo de investigação da linguagem audiovisual criada a partir de câmeras 360 graus, para o desenvolvimento do seu primeiro projeto artístico de 2024.
A M.I. — Mulheres da Improvisação — foi fundada em 2020, durante o período pandêmico, com o objetivo de integrar artistas-pesquisadoras docentes de várias estados brasileiros. Este é o primeiro encontro presencial que reunirá todas suas integrantes na ação MI_Gira, no Rio de Janeiro.
Fotos | Carol Spork
PARTICIPANTES
M.I. — Mulheres da Improvisação
A M.I. — Mulheres da Improvisação — é uma conexão formada por 7 mulheres pesquisadoras, que se dedicam ao estudo interdisciplinar da dança com foco em improvisação, feminismos e tecnologias. São artistas-pesquisadoras da dança, música, filosofia, performance, poesia, mídia arte e teatro, entre outras áreas do conhecimento, que se propõe a investigar o processo de improvisação nas cenas artísticas em diversos contextos tais como palcos, galerias, espaço urbanos, ambientes naturais, meios virtuais, digitais ou mediados por tecnologias, dentre outros. Através da prática como pesquisa a M.I. analisa e discute os processos de improvisação tendo como objetivo refletir sobre dinâmicas interativas, inícios e ignições, percepção, produção de sentido, tomada de decisão, interação e cocriação. A M.I. busca, além da pesquisa artística, valorizar a força feminina como modo de ruptura para com pensamentos, ações e estruturas decorrentes de preconceitos étnico-raciais e de gênero. Nessa residência a M.I. tem o objetivo de integrar seu primeiro encontro presencial aos saberes decoloniais e ancestrais, proporcionando a conexão e a integração das diversas perspectivas femininas que compõem os grupos de pesquisa, bem como a criação de uma videodança 360 graus a partir das vivências deste encontro.
Ana
Mundim
É multiartista, professora e pesquisadora do Programa de Pós Graduação em Artes da Universidade Federal do Ceará. Coordena o grupo de pesquisa Dramaturgia do Corpoespaço, a linha de pesquisa Corpo, espaço e imagem e o projeto de extensão Temporal – encontros de improvisação e composição em tempo real.
Carolina
Natal
É Coreógrafa no curso de Dança da UFRJ e Colaboradora do Programa de Pós Graduação em Dança (PPGDan) da UFRJ. Coordena o grupo de Pesquisa ADENTRAR: imagens, dança, tecnologias.
Líria
Morays
Lígia
Tourinho
É artista da dança e atriz, analista do movimento (CMA), professora das graduações em Dança e Direção Teatral e dos Programas de Pós-graduação em Dança e Artes da Cena da UFRJ. Professora convidada da Pós-graduação em Laban/Bartenieff (FAV) e do Ensino da Dança Clássica do Theatro Municipal (RJ).
É artista, educadora e pesquisadora em dança. Professora do Departamento de Artes Cênicas-UFPB e do Mestrado Profissional ProfArtes-UFPB. Coordena o grupo de pesquisa Radar 1 - Grupo de improvisação em dança (UFPB-CNPq).
Roberta
Ramos
Integrante das Mulheres da Improvisação. Artista e professora doutora do Curso de Dança da UFPE Líder do Grupo de Pesquisa Peteca. Membra do Acervo Recordança e do Coletivo Lugar Comum. Autora deDeslocamentos Armoriais (2012); e organizadora e autora nos livros Acordes e Traçados Historiográficos (2016); Motim (2017); Comum Singular (2019); e Livro deDançar: cartas para improvisar e compor.
Ivani
Santana
Artista e pesquisadora em dança com ênfase em processos de mediação com as tecnologias digitais. Foco atual: realidades expandidas (virtual, aumentada e mista) e vídeo 360 graus. Pós doutorado no Sonic Arts Research Centre, Reino Unido (2012/2013); pesquisadora visitante na Simon Fraser University e University British Columbia, Canadá (2018/2019). Coordenadora do PPGDan (UFRJ, 2024/2025). Líder do Grupo de Pesquisa Poéticas Tecnológicas: corpoaudiovisual.
Nara M.
Figueiredo
É filósofa, professora e pesquisadora do Departamento e PPG em Filosofia da UFSM. Trabalha com a natureza dinâmica, corpórea e interativa da mente e com a emergência do sentido.
Onucleo – Núcleo de Pesquisas, Estudos e Encontros em Dança – é um grupo de mulheres artistas-pesquisadoras interessadas em investigar a dança em uma perspectiva contracoreográfica, sintonizadas com práticas, processos e poéticas decoloniais. Atualmente a pesquisa vem sendo orientada pela aliança política, afetiva e artística com a Aldeia Maraka’nà. Nessa residência serão partilhadas tecnologias experimentadas há alguns anos como: o “estarcom” como prática de dança; o “sonhar o chão” como ativação de outros modos de contato, cuidado e criação na conexão corpo-território; o “einu-iwi: leituras para ouvir o chão” como práticas coletivas de estudos de textos de mulheres indígenas; a “contracoreografia” como um termo que evidencia a violência da história colonial da dança e propõe práticas de levante; e por fim, a “produção de escritas somato-cartográficas” como prática de criação, documentação e arquivamento. O núcleo é coordenado por Ruth Torralba e Lídia Larangeira.
Ruth Silva
Torralba Ribeiro
Artista e pesquisadora da dança em processo de retomada de sua ancestralidade indígena. Professora dos Cursos de Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Dança da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordena com Lidia Larangeira o Núcleo de Pesquisa, Estudos e Encontros em Dança (onucleo) - UFRJ. Apoiadora e colaboradora da Universidade Indígena Pluriétnica e Multicultural Aldeia Maraka'nà (R.J).
Lidia
Larangeira
Artista e pesquisadora da dança. Professora dos cursos de Graduação em Dança da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e coordenadora, junto com Ruth Torralba do Núcleo de Pesquisa, Estudos e Encontros em Dança – onucleo, com o qual vem investigando dramaturgias contracoreográficas. Apoiadora e colaboradora da Universidade Indígena Pluriétnica e Multicultural Aldeia Maraka'nà (R.J).